Doar óvulos é um ato de generosidade
Os avanços tecnológicos e científicos das técnicas de Reprodução Assistida (RA) elevaram, significativamente, as chances de casais e indivíduos, com problemas de fertilidade, terem filhos. Um estudo apresentado em julho deste ano no Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), em Barcelona, mostrou que mais de oito milhões de bebês nasceram através de RA no mundo todo. Os registros tiveram como base os anos entre 1991 e 2014. Além disso, foi verificado também um aumento considerável nas taxas de gravidez ao longo dos anos.
Dentre as diversas técnicas para o tratamento da infertilidade, a Ovodoação é uma das possibilidades para mulheres que não tem mais condições de formar óvulos.
Cientes de que para muitas pessoas é difícil aceitar que não conseguem engravidar com gametas próprios, algumas considerações podem esclarecer melhor a opção pela Ovodoação, cujas regras foram alteradas positivamente nos últimos anos. A resolução de nº 2.168/2017, do Conselho Federal de Medicina (CFM), trouxe mudanças nas normas para esse tipo de tratamento, dando mais segurança a quem doa e a quem recebe os óvulos.
No Brasil, a doação é anônima e a compra de óvulos é proibida. Ou seja, não pode ter caráter comercial ou lucrativo. Documentos, com dados dos tratamentos, são assinados e ambas as partes são informadas e esclarecidas à respeito do processo.
É considerada mãe quem carrega o bebê no ventre. Curtir toda a gestação, sabendo que a lei garante que esse filho será sempre dela, traz segurança a todos.
Quais são os critérios para doar e receber óvulos?
Em todos os casos tratados na Clínica ProSer, os óvulos doados são selecionados para buscar segurança e compatibilidade entre doadora e receptora. É um processo rigoroso. As candidatas à Ovodoação devem ser mulheres jovens que necessitam das técnicas de reprodução assistida para engravidar, pois muitas vezes não conseguem arcar com os custos de seu tratamento, que poderá ser custeado – em parte – pela receptora. Ao doar, ajudam a receptora realizar a tão desejada maternidade. Ambas se beneficiam. A doação voluntária também é possível, desde que de forma altruística.
Tanto a doadora como a receptora são tratadas simultaneamente. A primeira para a coleta de óvulos e a segunda para a preparação do útero.
Exames, medicações, coleta e análise dos gametas, seleção, capacitação de espermatozoides e escolha da técnica adequada a cada caso são algumas das principais etapas, que culminam com a transferência do embrião ao útero. Após todo esse processo, em 14 dias é possível realizar exames para verificar se houve implantação do embrião.
É compreensível a opção pela ovodoação levar algum tempo para ser tomada. Imaginar um filho gerado a partir de gametas de doadora pode trazer medos, fantasias e culpas que necessitam ser elaboradas.
Sempre orientamos acompanhamento psicológico ou psiquiátrico aos pacientes envolvidos nesse processo, para que a decisão seja tomada da melhor forma possível, auxiliando no sucesso do tratamento.
Para quem é indicada a Ovodoação?
Geralmente, é indicada para mulheres:
- em idade avançada;
- com falência ovariana prematura;
- em menopausa;
- em casos de doenças hereditárias que não podem ser detectadas através de exames específicos;
- em fracassos repetidos em fertilizações, devido à baixa qualidade dos óvulos;
- em pacientes com alterações cromossômicas.
Casais homoafetivos, formados por homens, também podem se valer da doação. O óvulo poderá ser fecundado com sêmen de um deles e gerado através de útero de substituição.
Quem pode doar óvulos?
Mulheres jovens (abaixo de 35 anos) que necessitam das técnicas de reprodução assistida para engravidar e possuam boa reserva ovariana para compartilhar. Em geral, essas mulheres apresentam menor risco de problemas na estrutura genética do óvulo.
As doadoras não devem ter quaisquer problemas de saúde que possam ser agravados com a estimulação ovariana, como alguns tipos de câncer.
Quais são os riscos da Doação de Óvulos?
Em todos os casos de tratamento por Ovodoação a doadora precisa saber e concordar com o processo, já que envolve uso de hormônios para estimular ovulação e sedação para a aspiração dos óvulos. Para a doadora, entre os principais riscos está a Síndrome da Hiperestimulação do Ovário (SHO), pois é realizada uma estimulação com medicamentos, o que muitas vezes impede a transferência de embriões naquele ciclo. Se isso ocorrer, os embriões são criopreservados e transferidos em outro momento.
Para a receptora, os riscos são os mesmos de uma gestação tardia, com aumento da incidência de pressão alta, diabetes e trabalho de parto prematuro, entre os principais.
A decisão do número de embriões a serem transferidos para receptora é baseada na idade das doadoras, sendo um (1) ou no máximo dois (2) embriões, para diminuir o risco de gestações múltiplas.
As taxas de sucesso na doação de óvulos variam entre 50 e 60%, semelhante às mulheres entre 30 e 35 anos.
Depois de receios e frustrações em tentativas anteriores, em boa parte dos pacientes percebemos renascer a esperança ao serem informados sobre a possibilidade da ovodoação. Por isso, é essencial estar consciente de que doar óvulos (que são células) é um ato de generosidade. Permite dar a chance de concretizar o projeto de família a outras pessoas.
Dr. Carlos Alberto Link – Diretor Técnico da Clínica ProSer
CRM 15.733