Sentir cólica intensa, dor na relação sexual e dificuldade para urinar e evacuar no período menstrual não é normal. Estes podem ser sintomas de endometriose, doença que atinge uma em cada dez brasileiras em idade reprodutiva, de acordo com dados da Comissão Nacional de Endometriose da FEBRASGO.
Além de trazer baixa qualidade de vida, a doença é a maior causa de infertilidade feminina.
Para esclarecer as dúvidas mais frequentes sobre o assunto, buscamos mais informações junto a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) e compilamos este material contendo as 9 questões que você precisa saber sobre esta doença. Confira:
1. O que é endometriose?
O endométrio é o tecido que reveste a parte interna do útero. É ele que, a cada 28 ou 30 dias, é eliminado por meio da menstruação. A endometriose ocorre quando este tipo de tecido começa a crescer em outros órgãos fora da cavidade uterina.
Os médicos não sabem ao certo as causas da endometriose, mas fatores genéticos e questões ligadas à imunidade estão associadas. Alguns estudos comprovaram que estresse e ansiedade são fatores que podem agravar o quadro.
2. Quais são os sintomas?
Mesmo fora útero, o tecido do endométrio continua sendo estimulado mensalmente pela ação dos hormônios do ciclo menstrual. E isso provoca uma reação inflamatória, o que causa dor.
Os principais sintomas da endometriose são:
• Cólica menstrual (presente em 90-95% dos casos);
• Dor profunda na vagina ou na pelve durante relação sexual;
• Dor pélvica contínua não relacionada a menstruação;
• Obstipação intestinal ou diarreia no período menstrual;
• Dor para evacuar;
• Sangramento nas fezes;
• Dor para urinar;
• Sangramento na urina;
• Infertilidade.
3. Por que ela prejudica a fertilidade?
A relação entre endometriose e infertilidade é direta. Estudos prévios apontam que entre 50% e 70% das mulheres com a doença são diagnosticadas inférteis e que cerca de 40% das mulheres com infertilidade tem endometriose.
Um dos principais fatores relacionados é o fato de o endométrio começar a crescer em locais como trompas e ovário, causando inflamação e consequentemente, um processo espontâneo de cicatrização, o que acaba gerando mudanças anatômicas que impedem o pleno funcionamento das trompas, responsáveis pelos primeiros acontecimentos da fecundação. Além disso, as células inflamatórias podem interferir com a interação óvulo-espermatozoide.
4. Como é feito o diagnóstico?
Um dos grandes problemas da endometriose é que os sintomas se confundem com os que normalmente aparecem no período menstrual, por isso, muitas mulheres só descobrem a doença quando tentam engravidar e não conseguem.
O diagnóstico é feito através da combinação de exame físico, ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética.
5. Mulheres com Endometriose tem chances de engravidar?
Cerca de 50% das mulheres com endometriose podem engravidar espontaneamente sem tratamento, e grande parte daquelas que são inférteis devido à doença podem engravidar após tratamento adequado.
A cirurgia por videolaparoscopia com retirada das lesões e das aderências pode aumentar as chances de gestação. Em outros casos pode ser necessário a realização de tratamentos com técnicas de reprodução assistida como a inseminação intra-uterina ou a Fertilização in Vitro (FIV).
6. A endometriose tem cura?
A endometriose é considerada uma doença crônica, portanto, sem cura definitiva. Porém, tratamentos com cirurgia ou medicamentos específicos podem diminuir ou retardar a recorrência das lesões e dos sintomas, proporcionando uma melhor qualidade de vida às portadoras da doença.
7. Como é feito o tratamento em mulheres que desejam ser mães?
O primeiro passo é tratar a doença. Dependendo da endometriose, os tratamentos vão desde a medicação via oral até procedimentos cirúrgicos (videolaparoscopia). Uma vez ela estando sob controle, o médico poderá avaliar a situação das trompas da e verificar quais são as chances de iniciar uma gravidez de modo espontâneo ou por fertilização in vitro (FIV).
8. Mesmo depois da cirurgia, não há garantias de que a mulher conseguirá engravidar?
As chances de fecundação vão depender de uma combinação de fatores, tais como a gravidade da endometriose, o comprometimento das trompas e da idade da mulher. Se ela passou dos 35 anos, a probabilidade de engravidar diminui bastante e quase sempre é necessário recorrer à FIV. Para as mais jovens, o índice de sucesso, inclusive de modo espontâneo, chega a 65%. Vale dizer que o Brasil é referência internacional no tratamento e qualidade de vida de pacientes com endometriose.
9. Mulheres que tiveram endometriose tem gravidez de risco?
Pode existir alguma complicação para o bebê? Independentemente do motivo, mulheres que tiveram dificuldade para engravidar geralmente são acompanhadas mais de perto pelos seus médicos. Porém, não existem evidências científicas que relacionem endometriose com complicações para a mãe e o bebê.
Fonte:
http://www.sbendometriose.com.br
https://bebe.abril.com.br/parto-e-pos-parto/endometriose-a-principal-causa-de-infertilidade-feminina/