A gestação múltipla é definida como a gravidez que apresenta dois ou mais fetos no interior da cavidade uterina ao mesmo tempo. As chamadas gemelares são aquelas que apresentam dois fetos, tri-gemelares ou triplas aquelas com três, quádruplas com quatro, quíntuplas e assim por diante.
O aumento da incidência de gestações múltiplas nos últimos anos tem ocorrido e está, até certo ponto, relacionada às técnicas de reprodução assistida. Este tipo de procedimento tem sido cada vez mais utilizado por mulheres que postergam o momento de engravidar, em geral buscando atingir uma razoável estabilidade profissional, afetiva e emocional antes da decisão de se tornarem mães.
As gestações gemelares podem ser divididas em dois tipos de difusões dos embriões. As monozigóticas consistem em apena um zigoto que se divide dando origem a dois fetos – sempre gêmeos idênticos entre si. As di-zigótica são aquelas originárias de dois zigotos diferentes – dois óvulos fecundados por dois espermatozoides distintos – e, portanto, gerando dois fetos não idênticos, embora gêmeos entre si.
Estudos comprovam o aumento do número de gravidez de gêmeos nos Estados Unidos, entre os anos de 1980 a 2004, principalmente em mulheres com idade superior a 45 anos. Os dados atuais apontam que a prevalência de gêmeos, naquele país, encontra-se próxima a 3% de todos os nascimentos, sendo que os dizigóticos são mais comuns (cerca de 70%) em relação aos gêmeos monozigóticos (idênticos) em gestações espontâneas.
A ocorrência de gêmeos não idênticos (dizigóticos) pode variar de acordo com a população estudada. Já entre os gêmeos idênticos (monozigóticos), a incidência é mais rara e estável no mundo inteiro.
Embora a gestação de gêmeos seja, até certo ponto, repleta de charme e encantamento, poucas pessoas têm a ciência de que se trata de uma gravidez que exige cuidados especiais em comparação à gestação única.
No ponto de vista materno, a gestação gemelar apresenta um aumento nos índices de pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, ruptura prematura de membranas, descolamento prematuro de placenta, prematuridade, aumento do índice de cesarianas e entre outros. As consequências destas patologias são o aumento da morbidade e mortalidade materna.
No ponto de vista dos fetos, dependendo do tipo de gestação, a gravidez múltipla apresenta maiores índices de baixo peso ao nascimento (incluindo a prematuridade), discrepância de crescimento entre os gêmeos (síndrome de transfusão feto-fetal e restrição seletiva de um dos gêmeos), aumento do índice de malformações em geral, aumento do risco de entrelaçamento de cordões umbilicais, presença de gêmeos siameses e aumento da chance de dificuldades na hora do nascimento. Como consequência destas patologias, verificamos um considerável aumento da morbidade e mortalidade fetal e neonatal neste tipo de gravidez.
O momento, o local e a via de nascimento dos bebês oriundos de uma gestação de gêmeos igualmente são fatores que merecem ser considerados. Dependendo do número de fetos, placentas e bolsas amnióticas encontradas, estas gestações mesmo quando não complicadas poderão ser interrompidas, em geral por cesariana, antes do tempo. Nas gestações em que encontramos dois fetos e apenas uma bolsa e uma placenta, a indicação de interrupção situa-se entre 32 e 34 semanas, distantes, portanto, de seis a oito semanas de uma data provável de interrupção de um feto único não complicado. Nos casos em que observamos duas bolsas (uma para cada feto) mas apenas uma placenta, mesmo sem complicações a interrupção da gestação deverá ocorrer entre 34 e no máximo 38 semanas de gravidez, dependendo do hospital e das condições de UTI Neonatal disponíveis.
No momento atual, devido à dedicação de diversos profissionais e até mesmo de pacientes e familiares comprometidos em otimizar o desfecho de gestações gemelares, inúmeros estudos e encontros científicos têm melhorado os resultados na área a cada dia. A utilização de técnicas de Reprodução Assistida altamente desenvolvidas, assim como uma adequada assistência pré-natal realizada por especialistas (obstetras de alto risco e fetólogos), permitem que a gemelaridade possa ser encarada como uma gestação segura e com resultados exitosos.
Dr. André Campos da Cunha
Obstetra e Ultrassonografista da Ecomoinhos Clínica de Ultrassonografia – CREMERS 14644
Médico Parceiro da Clínica ProSer
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