O câncer de mama representa o tumor ginecológico de maior incidência no Brasil. No sexo feminino é o tumor mais comum, ficando atrás somente do câncer de pele não melanoma. O estado do Rio Grande do Sul representa uma das parcelas mais significativas da estatística segundo as estimativas do INCA (Instituto Nacional do Câncer).
Fatores de Risco
Alguns fatores de risco para câncer de mama já foram identificados como história familiar, menarca precoce e menopausa tardia, obesidade, terapia hormonal no climatério e nuliparidade. O consumo de álcool também tem uma associação importante em aumento de risco para câncer de mama. Alguns estudos também mostraram associação positiva com o consumo excessivo de gordura animal. Recentemente, um estudo dinamarquês demonstrou um pequeno aumento no risco de câncer de mama em mulheres usuárias de anticoncepcionais hormonais. Apesar deste dado ser alarmante, é importante lembrar que o aumento de risco foi baixo do ponto de vista numérico e aguarda-se mais estudos sobre esse tema para que informações mais claras possam ser dadas.
Diagnóstico e tratamento
O câncer de mama se manifesta por nódulo palpável e também pode ser detectado em exame de imagem ou por microcalcificações (também detectadas em exames radiológicos). Raros casos são descobertos através de derrame papilar, ou seja, saída de líquidos pelo mamilo.
O tratamento varia de acordo com a apresentação da doença em cada paciente. As modalidades terapêuticas podem incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia e medicamentos que promovem o bloqueio da ação hormonal na mama.
Prevenção
A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais no tumor maligno da mama. O autoexame, estimulado e popularizado no mundo todo, consiste na realização da palpação das mamas pela própria paciente após o término da menstruação. Apesar de simples, inócuo e sem custos, diversos estudos evidenciaram que o autoexame não foi capaz de diminuir a mortalidade por câncer de mama. Algumas séries concluíram inclusive que houve aumento do número de consultas e de solicitações de exames desnecessários quando a população foi instruída a realizar o autoexame rotineiramente. Por esse motivo, o Ministério da Saúde do Brasil não recomenda mais a realização do autoexame da mama.
A mamografia é o exame de rastreamento universal do câncer de mama. Segundo as recomendações do Ministério da Saúde, todas as mulheres com 50 anos ou mais devem realizar a mamografia pelo menos uma vez a cada dois anos. Entretanto, nas mulheres que têm familiar(es) de primeiro grau acometida (s), o que inclui mãe, irmã ou filha com diagnóstico de câncer de mama antes dos 50 anos, devem realizá-la anualmente a partir dos 35 anos. Também têm indicação de realizar mamografia anualmente mulheres que apresentam história familiar de câncer de ovário em qualquer idade, câncer de mama bilateral em qualquer idade e familiar masculino com câncer de mama. Pacientes que já fizeram alguma biópsia mamária com resultado evidenciando algum tipo de lesão considerada como marcador de risco, também devem realizar mamografia anualmente a partir dos 35 anos. Estas recomendações diferem da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia que recomendam o rastreamento a partir dos 40 anos, e, nos casos de história familiar de primeiro grau, 5 a 10 anos antes do diagnóstico desta familiar.
É claro que as recomendações podem ser flexibilizadas a cada paciente, processo médico chamado de individualização. Portanto, é importante que as mulheres estejam atentas às recomendações oficiais e às orientações do seu ginecologista assistente. A prevenção primária é de extrema importância para evitar a sua ocorrência. Entende-se por prevenção primária o estilo de vida saudável com consumo de alimentos a base de frutas, verduras, sementes e redução do consumo de gordura animal e álcool. A prática de exercícios físicos também é fundamental. A realização da mamografia rotineira, quando indicada, é fundamental para a prevenção secundária (realização do diagnóstico precoce). Converse com seu ginecologista sobre quando realizar o seu exame e em qual a periodicidade. A probabilidade de sucesso do tratamento aumenta quando o diagnóstico é realizado de forma precoce.
Dr Jader Burtet
Ginecologista e Mastologista
CREMERS 28808
Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
Título de Especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
Mestre em Ciências da Saúde pela UFCSPA.
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