Desde que o primeiro caso de coronavírus (Covid-19) surgiu em Wuhan na China, o medo imperou em nossos dias. O vírus da Covid-19 alastrou-se rapidamente, com escala mundial de casos crescente dia a dia. A partir disso, medidas de prevenção e distanciamento social foram implementados mundo afora com o objetivo de reduzir a transmissão do mesmo. Se o medo contagiou rapidamente a todos, para quem está gerando outra vida as dúvidas sobre o perigo do vírus para si e para o bebê são significativas.
Logo nos primeiros momentos, devido às modificações fisiológicas presentes na gestação (principalmente no sistema imunológico e respiratório – sistemas esses facilmente prejudicados pelo coronavírus), evidências apontaram que gestantes deveriam ser incluídas no grupo de risco da Covid-19, juntamente com puérperas, idosos e portadores de doenças crônicas.
Embora muitos casos em grávidas tenham características assintomáticas, estudos apresentaram que ser gestante neste momento de pandemia é um fator de risco aumentado de hospitalização, com risco relativo três vezes maior de necessitar de cuidados intensivos, quando comparadas a não grávidas da mesma faixa etária. Ainda ligadas ao risco de contrair o vírus da Covid-19 nesta população estão a necessidade de parto cesáreo ou prematuro e o aparecimento de distúrbios hipertensivos da gravidez. Além do risco de mortalidade com demonstração de complicações maiores em mulheres com maior faixa etária e maior índice de massa corporal (IMC), com amplas disparidades raciais e étnicas.
Durante o maior período de distanciamento social e domiciliar, houve ainda fatores extras que podem proporcionar riscos elevados às gestantes interferindo de maneira negativa na gestação, como o sedentarismo, sobrepeso e transtornos psicossociais. Dessa forma, torna-se ainda mais importante estímulos diários para que as mesmas prossigam com uma rotina fisicamente ativa, de forma segura, seguindo protocolos de segurança para que sejam potencializadas questões preventivas à saúde para além do vírus. Isto porque a prática de exercício físico para este público pode minimizar impactos físicos negativos, como melhora da capacidade do sistema cardíaco, vascular e ainda ser uma medida eficaz na melhora do sistema imune.
Quando voltamos os olhos para além da saúde física da gestante e do bebê, o exercício físico ainda tem importância para a manutenção e melhoria da saúde psicológica. Durante a gravidez são apresentados desequilíbrios de ordem hormonal que podem gerar mudanças de humor e conflitos emocionais. Quando somamos essas questões com as inseguranças geradas pela pandemia, mais estresse, ansiedade e depressão, fica evidenciada a importância de manter-se ativa na gestação. Sabe-se que a prática física pode minimizar níveis de estresse, ansiedade e potencializar a autoestima, a qualidade de vida e o bem-estar mental.
Seja através da realização da atividade física ou do exercício físico, em casa ou em locais de pouca circulação de pessoas, a prática física demonstra ser segura, adequada e solicitada para todos os públicos. E mais ainda para a população de gestantes, sendo algo a favor tanto para o corpo quanto para a mente!
OBSERVAÇÕES:
Lembre-se sempre de alguns pequenos cuidados sobre prática de exercícios físicos na gestação. São eles:
- Liberação médica;
- Buscar um profissional de Educação física habilitado;
- Manter seu professor/professora sempre atualizado sobre questões da gestação e sensações do treinamento (como cansaço, fadiga local ou geral);
- E divertir-se! Esse é um lindo momento de autocuidado para você e para seu bebê!
Salime Chedid Lisboa
Professora de Educação Física – CREF 026073-G/RS
Especialista em Fisiologia do Exercício – UFRGS
Mestre e Doutoranda em Ciências do Movimento Humano – UFRGS
Fone: (54) 99201-7860
Instagram: @headfit_
REFERÊNCIAS:
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